quinta-feira, 1 de março de 2012

Porto de Natal na lanterna das exportações


Porto vem perdendo espaço para outros equipamentos, maiores e melhores estruturados, no NE como Pecém e Suape. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press

Felipe Gibson // felipegibson.rn@dabr.com.br

Apenas 2,5% do valor total das exportações potiguares saiu pelo Porto de Natal em 2011. O percentual representa US$ 7,1 milhões do montante gerado pela venda dos produtos do Rio Grande do Norte no mercado internacional. Há seis anos o valor das mercadorias que deixavam o estado pela capital potiguar era de US$ 176,9 milhões em mercadorias. As perdas estão diretamente ligadas a estruturas portuárias em operação nos estados vizinhos, principalmente o Ceará. Os dados foram apresentados na Análise da Balança Comercial (2005-2011) realizada pelo Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RN) com base nos números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A partir de 2006, o Porto de Suape, no Ceará, passou a ser a saída preferencial para os produtos gerados no RN. Tanto que concentra 37,64% dos US$ 281,1 milhões exportados pelo território potiguar. Se considerarmos as estruturas portuárias, os portos de Suape (em Pernambuco), Fortaleza, Recife, e Areia Branca, por onde escoa a produção do sal potiguar, também possuem participações superiores ao Porto de Natal. Entre eles há ainda o aeroporto Augusto Severo, por onde partem 25,9% do valor total das exportações estaduais.

Com base nos dados, a analista técnica do Sebrae/RN, Alinne Dantas Silva, ressalta que somando Parnamirim com os portos de Natal e Areia Branca, chega-se à conclusão que apenas 31,22% do que é produzido em dólares no RN a partir das exportações é lançado ao mercado internacional pelo próprio estado. "Acreditamos que isso se deve à infraestrutura do porto. O de Pecém, por exemplo, é muito melhor estruturado", afirma. O problema está relacionado principalmente ao espaço, como reconhece o diretor técnico da Companhia de Docas do RN (Codern), Hannah Safieh.

Embora considere que há uma discrepância na queda dos valores, causada por uma "mudança na metodologia do cálculo", a Codern não esconde o jogo. "A cidade espremeu o porto", diz o diretor técnico, apontando a falta de uma retroárea maior para embarques e desembarques como causa da preferência de algumas empresas pelo escoamento por outros portos nordestinos. Pendências que se arrastam pelo tempo, como a desocupação da Favela do Maruim para expansão da estrutura, também foram lembradas por Hanna Safieh.

"Enquanto os gestores ficam se lamentando e discutindo nós perdemos mercado", enfatiza. Mesmo assim, Safieh exalta o crescimento de R$ 5 milhões para R$ 8,6 milhões na geração de receita entre 2010 e 2011. De acordo com o diretor técnico, o porto movimenta em uma retroárea aproximada de 40 mil metros quadrados de 400 mil a 450 mil toneladas por ano. No ano passado, a melhor rentabilidade ocorreu, dentro outros fatores, pelo início da exportação do minério de ferro, que prosseguirá em 2012. Ele enfatiza ainda que o desembarque de equipamentos eólicos feito pelo porto também foi operacionalizado com sucesso.

Já quando o assunto é espaço, a visão muda. O diretor técnico revela que alguns produtos começaram aser descarregados já em cima das carretas pela falta de área disponível. "Os fiscais da Receita Federal sobem ao navio, checam as mercadorias, e elas já saem em comboio", diz, citando um caso ocorrido semana passada com mercadorias que tinham como destino o Maranhão. 

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