terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A QUEM INTERESSA O FIM DE NOSSO CARNAVAL?


Neste ano, temo que assistamos ao último carnaval realizado pelo CAP. Caso minhas sombrias previsões se confirmem, Jardim de Piranhas será duramente penalizada nos anos vindouros. Os dias de folia, nos últimos dezesseis anos, trouxeram grandes benefícios para a cidade e para os que nela habitam. Por esse motivo, não compreendo o regozijo de alguns jardinenses.

Os foliões, principalmente os que compõem os blocos carnavalescos locais, culpam apenas o CAP pelo fracasso dos últimos anos. O clube, obviamente, tem sua parcela de culpa, na medida em que não investiu como deveria os grandes lucros obtidos no passado. Porém, outros fatores contribuíram para a derrocada. A concorrência com o Complexo Cachoeira, em Brejo do Cruz, e com o Iate Clube, o Bloco do Magão e o Treme-Treme, todos de Caicó, foram cruciais para diminuir o contingente de pessoas que costumava se dirigir para cá.

Sem um grande público, é praticamente impossível contratar atrações caríssimas e cobrar uma entrada barata. Acho muito arriscado pagar 200 mil reais a uma banda de forró, pois, neste caso, dever-se-ia cobrar, no mínimo, uns 50 reais de cada folião que desejasse entrar no clube. Isso encareceria bastante o orçamento dos blocos, que, possivelmente, procurariam preços mais convidativos.

É notório que nenhum clube da região possui estrutura para abrigar tão bem um grande público como dispõe o CAP. Mesmo com as falhas estruturais conhecidas de todos, é possível se divertir com regular conforto e tranquilidade. O Carnaval do CAP, ao longo dos anos, mostrou-se ser um evento de grande porte, barato e seguro, até ser derrotado por bandas de forró elétrico (argh!).

Não discordo dos que, hoje, preferem as praias natalenses a ficar aqui. Todos são livres para escolherem o melhor para si. Apenas acho que os blocos, principalmente estes, deveriam lutar por nosso carnaval. Lamento que alguns tenham sido desfeitos e outros, decidido passar a folia no litoral. Não era para capitular tão facilmente. Ainda havia tempo para evitar o fim. Bastaria todas as agremiações se unirem e, ainda que participassem de um evento mais modesto, demonstrassem seu amor pelo carnaval local, que tanta alegria já nos proporcionou.

Aqueles que, na atualidade, estão satisfeitos com essa situação são jardinenses de mentirinha. Ninguém que verdadeiramente ama esta terra pode ficar contente com o fim de um evento que trazia apenas lucro e diversão para seu povo. Comemorar o insucesso do CAP ultrapassa todos os limites da rivalidade política ou futebolística. Rotulo como imbecilidade torcer pelo fim do clube rival, quando se sabe que é justamente a existência do oponente que impulsiona o crescimento de ambos. O que nós, jardinenses, ganhamos com o marasmo vivido por CAP e Independente? Será que os torcedores e sócios de ambos estão felizes em vê-los às moscas? Será apenas coincidência que os dois estejam tão mal nos dias atuais?

Vai ver que minha paixão pelo CAP esteja me tirando a razão, impedindo-me de ver que o melhor para Jardim é todos deixarem a cidade no período carnavalesco. Ou, doutra forma, o ideal é a Prefeitura torrar dinheiro público para promover a folia na margem do rio, fazendo deste um banheiro a céu aberto para milhares de pessoas, cometendo um flagrante crime ambiental. Desculpe-me, fiel leitor, pelo desabafo. Talvez esteja exagerando diante da possibilidade de nunca mais ver a cidade ser invadida por 15 mil pessoas, trazendo, junto com elas, apenas alegria, paz, congraçamento e dividendos. Jardim de Piranhas, certamente, ficará bem melhor daqui para frente.
Fonte: Blog de Alcimar

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